O presidente americano, Donald Trump, segue sua jornada em busca de tornar a “América Ótima Novamente” por meio de um tarifaço “nunca antes visto na história mundial”. Entre idas e vindas, ao que tudo indica, ele ainda não encontrou o “breakeven” dessa ousada operação. O que ficou claro, aos olhos de todos, é que o embate tem adversário definido e não é surpresa para ninguém. A briga com o dragão chinês pela hegemonia do PIB global é retomada no seu segundo mandato com mais força e menos diplomacia. Só que dessa vez, ele parece estar disposto a levar essa luta até o limite. Custe o que custar, literalmente!
O que, talvez, não estivesse no game plan do presidente americano é um pessimismo um pouco além da conta por parte dos investidores globais – e dos próprios americanos – em relação ao preço a ser pago, no curto prazo, para atingir os objetivos de longo prazo. Uma mudança dessa magnitude não se dá de forma gradual e tampouco de forma amplamente negociada, isso é compreensível. Mas o que pode ter “pego” Trump de surpresa é o fato de que, possivelmente, os EUA já não possuam tanta influência ou domínio sobre a economia e a política global.
Abaixo, um gráfico do Real vs Dólar e do DXY vs Dólar ajudam a elucidar isso. O DXY é uma cesta de moedas mundiais e mede a “força” do dólar em ralação a elas. A lógica é a mesma do que comparar a moeda americana com o real. Se o dólar sobe, o real se desvaloriza, ou seja, fica “mais fraco”. Da mesma forma, quando o dólar cai, o real se valoriza, ou seja, fica “mais forte”. O que o gráfico mostra é que no início da guerra tarifária, medindo pela “força” do dólar, os EUA pereciam estar em vantagem. Entretanto, com o passar do tempo e o desenrolar do imbróglio comercial, o jogo parece estar virando.
Em meio a tudo isso, Donal Trump decide adicionar mais uma “pitada” política ao universo institucional. Ameaças de demissão do presidente do Banco Central Americano (FED), potencializam ainda mais esse “enfraquecimento” do dólar ao redor mundo. Em meio a tantas incertezas, é cedo para acreditar que batalhas foram vencidas por um dos lados. Por enquanto, todos saímos perdedores.
Uns mais, outros menos.
Em meio ao caos global e alguns sustos, tivemos um mês de abril bem satisfatório. Agradamos a “gregos e troianos”. Poucos ativos não performaram bem no mês passado, aqueles que ficaram para “trás” acabaram tendo um resultado aquém muito mais devido a uma condição de mercado (crédito privado) do que conjuntural. O que, de certa forma, pode ser visto como uma oportunidade para o mês de maio.
Sobre o desempenho do mercado brasileiro, não realizamos grandes reformas e ajustes fiscais capazes de alterar a perspectiva de longo prazo do investidor global. Fomos uma alternativa à falta de opção mesmo. Mas, não podemos reclamar. Na maioria das classes de ativos, foi possível valorização patrimonial.
Em termos macro, tivemos uma inflação com sinais importantes no curto prazo, mas que ainda carecem de atenção no médio prazo. Conforme gráfico abaixo, é possível verificar que o núcleo do IPCA teve uma queda significativa nas últimas leituras. Isso impacta muito a leitura do BC para o próximo COPOM. Todavia, a média móvel de 12m mostra que, mesmo estando em patamares civilizados, o núcleo do IPCA segue com leve tendência de alta.
De forma objetiva, o que o gráfico nos mostra é que possivelmente teremos Taxa Selic alta por um bom tempo ainda. Salvo algum fator externo e extremo. Por exemplo: recessão no EUA.
Existe uma preocupação global em torno dos efeitos da guerra comercial iniciada por Donald Trump. Ela é disruptiva, mas no mau sentido. Da mesma forma que aconteceu na pandemia, cadeias globais de suprimentos começam e se reorganizar. Não sabemos ainda o resultado delas no preço final dos produtos. Poucos acreditam que essa chacoalhada comercial trará mais eficiência econômica e produtividade global, reduzindo preços e aumentando consumo e riqueza das famílias. Pelo contrário, o que se teme é uma desaceleração maior do que já se esperava com taxas de juros ainda em patamares contracionistas. Por aqui, conseguimos verificar isso pela nossa curva de juros futuro, que dentre as suas principais atribuições, é considerado um termômetro do mercado para a expectativa de inflação e de atividade econômica. Quando as taxas caem, a leitura que se faz é de que há um certo pessimismo com a economia e sua atividade. Abaixo, é fácil de perceber esse movimento.
Com inflação implícita ainda em patamares elevados e alguns sinais, na margem, de desaceleração econômica, alocação em PRÉ respeitando o Asset e em vencimentos curtos, estão bem atrativos. Juro real segue ainda em patamares surreais. Bolsa brasileira, mesmo com o bom desempenho de abril, ainda está atrativa. Ativos pós-fixados também devem compor o portfólio uma vez que o tabuleiro geopolítico segue completamente indefinido. Bom momento para iniciar portfólio em Dólar.