No Brasil, o mês de junho marcou uma forte desvalorização do real em relação ao dólar, atingindo patamares próximos a R$ 5,60, uma alta expressiva de 6,05% no mês. Esse movimento, semelhante ao dos últimos meses, é consequência do aumento na percepção de risco doméstico em relação à condução da política econômica. Nosso câmbio se descolou das outras moedas emergentes, que se valorizaram com a perspectiva de cortes de juros nos Estados Unidos.
Diante de um cenário fiscal considerado mais frouxo pelo mercado e da apreciação do dólar, a inflação projetada para o futuro seguiu subindo, explicando o aumento significativo da expectativa de juros no Brasil em junho e no primeiro semestre. Em dezembro de 2023, o mercado precificava o juro longo de 5 anos na casa dos 10,70% a.a., sendo que agora este patamar já está nos atuais 12,3% ao ano.
A Bolsa Brasileira (Ibovespa) terminou o semestre com uma queda de -7,66%, amenizada pela alta de junho de +1,48%, recuperando parte das perdas anteriores. Já os fundos imobiliários (índice IFIX) caíram -1,04% no mês, subindo apenas +1,04% no semestre.
Apesar desse ambiente mais tenso, cabe frisar que a prévia da inflação de junho foi de 0,39%, abaixo do previsto pelo mercado, e que os resultados projetados para as empresas listadas em Bolsa ainda não demonstram deterioração, refletindo expectativas de crescimento de lucros.
Nos EUA, a inflação ao consumidor veio em linha com o esperado, acumulando 2,6% em 12 meses. Isso gerou uma reação positiva nos mercados, com alta nas bolsas e queda nos juros dos títulos do Tesouro Americano. A Bolsa Americana fechou com alta de 3,47%, acumulando expressivos +14,48% no semestre. Os Treasuries para 10 anos caíram para aproximadamente 4,3%.
Além disso, alguns números da economia têm se mostrado mais fracos, como o CPI e o Payroll de maio, o que criou a percepção de que a economia norte-americana pode estar desaquecendo. Esse cenário dá mais conforto para a queda de juros. O mercado espera que o corte de juros comece em setembro ou no último trimestre. Muitos economistas entendem que isso pode ser um fator positivo para países emergentes, que podem voltar a ser destinos de recursos devido ao retorno menor na maior economia do mundo.
Pelo jeito que os juros subiram recentemente, continuaremos a ser um país com altas taxas de juros, e muitos já afirmam que permaneceremos como o país do rentismo. Isso não é surpreendente, considerando a incerteza jurídica, tributária e política, além de uma economia que possui dificuldades em manter um crescimento elevado.
Embora o mercado estresse os juros longos, é importante lembrar dos ciclos econômicos
e que as expectativas de taxas de juros não sobem ou caem permanentemente. No Brasil, por ser um país emergente, esse movimento tende a ser mais rápido e muito sensível às políticas econômicas.
Conforme reiterado nas últimas cartas, os ativos de renda fixa parecem continuar com uma assimetria favorável, com taxas acima das médias históricas. A Bolsa Brasileira e os fundos imobiliários também apresentam descontos em seus valuations, mas necessitam de maior parcimônia na alocação, diante das incertezas atuais
Seguimos tratando o dinheiro de nossos clientes com 100% de alinhamento e com dever fiduciário. Desejamos a todos um excelente e próspero segundo semestre!