O mês de maio termina marcado pela continuidade da elevação das incertezas e, novamente, um mês negativo para os ativos mais voláteis. Os juros longos tiveram nova alta, e a aposta de que os juros (SELIC) não devem cair mais está cada vez maior, impactados principalmente pelo cenário fiscal mais incerto, o que ocasiona uma projeção de inflação crescente para os próximos anos, apesar da inflação prévia de maio ter ficado em 0,44%, abaixo do previsto.
Desde a mudança em abril das metas de resultado primário para próximos anos, a percepção de risco fiscal aumentou consideravelmente. Além disso, a recente decisão de reduzir a taxa Selic para 10,50% ao ano gerou um intenso debate sobre a direção da política monetária adotada pelo Copom. A decisão foi apertada, com quatro dos nove votos contrários sendo de diretores indicados pelo governo atual. Esse resultado levantou questionamentos sobre uma possível mudança na postura do Banco Central do Brasil para alcançar a meta de inflação no próximo ano, especialmente quando a maioria dos diretores será indicada pelo governo atual.
Diante desse cenário, o mercado passou a projetar uma dinâmica negativa para o crescimento do gasto público, aumentando o risco de novas mudanças nas regras fiscais. Isso tem consolidado um ambiente de maior risco para ativos locais e adiado uma possível valorização dos ativos de renda variável. Além disso, a incerteza fiscal tem influenciado negativamente a perspectiva para a taxa de câmbio, aumentando ainda mais a desancoragem das expectativas de inflação.
No mês, a Bolsa Brasileira teve uma nova queda de -3,04%, já caindo -9,01% no ano, sendo uma das piores performances em relação às principais bolsas mundiais e retornando ao patamar de meados de novembro. O índice IFIX (fundos imobiliários) subiu apenas +0,02%.
Na renda fixa, papéis bancários e fundos mais seguros seguiram performando dentro do esperado e acima do CDI, enquanto alguns ativos atrelados a crédito privado de prazos longos podem ter tido um leve efeito negativo pelo aumento da taxa de juros longa.
Nos EUA, a atividade econômica e o mercado de trabalho ainda estão acima do esperado e indicam que o Banco Central Americano pode demorar mais para ter confiança na convergência da inflação à meta de 2%. O mercado já estima a possibilidade de apenas um corte de juros em 2024. Isso seguiu impactando as taxas de juros globais (mais elevadas) e fortaleceu o dólar. Apesar disso, os bons resultados das empresas de tecnologia fizeram com que a Bolsa Americana tivesse nova alta de 4,80%.
O nosso estado enfrentou chuvas intensas e enchentes generalizadas. A API Capital expressa suas mais sinceras condolências a todos os afetados por esta tragédia no Rio Grande do Sul. Este desastre climático não apenas teve um grande impacto humanitário, mas também deve gerar muitos impactos econômicos. Na visão do BTG Pactual e da S & P (agência de classificação de risco) ainda é difícil mensurar o tamanho dos impactos, além do impacto no PIB, duas consequências prováveis são:
Nossa equipe também contribuiu com iniciativas de apoio às comunidades atingidas. Valorizamos imensamente o comprometimento e as ações de todos em resposta aos desafios apresentados pela situação atual.
O cenário de maio consolidou um ambiente de maior risco para ativos locais, onde devemos permanecer com uma taxa de juros acima de 10% ao ano no curto prazo. Sempre que nos deparamos com esse risco elevado, as taxas negociadas nos papéis de renda fixa sobem abruptamente, gerando boas oportunidades de alocação, como é o caso no momento, com o mercado precificando uma alta de juros no segundo semestre, algo que até então parece improvável.
A postura mais cautelosa adotada pela API Capital neste ano tem se mostrado assertiva, com carteiras expostas à renda variável caindo menos que a média do mercado. Além disso, temos predileção por aproveitar as excelentes oportunidades na renda fixa.
Para o futuro, ao menos no curto prazo, as alocações em renda fixa continuarão remunerando cerca de 1% ao mês, o que consideramos uma assimetria interessante devido ao conservadorismo dessa classe de ativos, às incertezas fiscais e à possibilidade de retorno da inflação, que costuma ser muito prejudicial para a economia.
Desejamos a todos um mês de junho próspero!