As eleições americanas entram na fase decisiva e o novo presidente pode ser anunciado ainda essa semana. Como consequência, o mundo olha atentamente para o desfecho eleitoral na maior potência econômica do mundo. Vindo de uma economia aquecida, com dados recorrentemente indicando que o nível de juros adotado pelo FED (Bancos Centrais americano) não foi suficiente para trazer a inflação para o patamar desejado, o próximo comandante da Casa Branca terá grandes desafios pela frente.
Mas, como a eleição nos EUA pode afetar o investidor Brasileiro? Ou, mais especificamente, o cliente da API Capital?
De várias formas. Entretanto, no curto prazo, a força da moeda americana perante as cestas de moedas globais é a maior delas.
Quem, em tese, afetaria menos a relação dólar vs real?
Talvez, para a surpresa de muitos, os mercados emergentes “torcem” para uma vitória de Kamala Harris seguido de uma composição dividida no congresso. Nesse cenário, o dólar, em princípio, não exerceria tanta pressão sobre as moedas de países emergentes (o que inclui o real brasileiro), visto que alguns elementos inflacionários poderiam ser amenizados com a vitória da candidata democrata, tais como mão de obra estrangeira e economia mais “aberta” em relação a parceiros comerciais.
Uma vitória do ex-presidente Trump levaria os EUA a uma política econômica mais protecionista, com foco, novamente, em expulsar imigrantes (que ajudam a ‘segurar’ a pressão sobre salários), aumentar taxas em relação a importações, diminuindo a oferta de produtos e insumos em uma economia que ainda sofre com os resquícios de uma inflação de demanda persistente. Sendo assim, o cenário para uma vitória republicana tende a pressionar preços internamente e, em seguida, exportar essa inflação. Infelizmente, o Brasil é sensível a esse movimento e podemos ser afetados por essa dinâmica.
Conflito envolvendo Israel e Irã arrefeceu no noticiário, mas não no campo de batalha.
Com o movimento de execução de vários líderes inimigos, Israel, até então, tem conseguido ser mais eficiente na sua estratégia. Entretanto, com a postura mais contida do Irã, o conflito parece ter entrado em “banho maria”. Todavia, seguimos atentos aos movimentos, uma vez que a grande preocupação do mercado é uma escalada generalizada na região, afetando diretamente preços de commodities (principalmente petróleo).
Não bastasse todo o cenário externo adverso, temos que lidar com um mercado financeiro local extremamente sensível a notícias e bastante estressado com a situação fiscal brasileira. Parece exagero, mas não é. Estamos em um nível de ansiedade que a notícia de uma viagem do Ministro da Fazenda para a Europa virou motivo de forte subida nas taxas futuras de juros. Por sinal, a vida não está nada fácil para Fernando Haddad. O principal responsável pela gestão da dívida pública, embora bastante solícito e, até o momento, de bom diálogo com o mercado e com os empresários, está tendo que gerenciar uma série de desejos que, em sua essência, não convergem para a mesma direção. Demonstrando a intenção de fazer o que precisa ser feito, encontra na sua base política o principal impeditivo para conseguir executá-la.
Justamente esse descompasso entre a intenção e o fato é que tem deixado os investidores dos ativos brasileiros com um nível de incerteza bastante elevado.
Não há intenção por parte do mercado em não reconhecer a importância do Estado no combate à desigualdade. Pelo contrário. O Plano Real provou que depois de três décadas de inflação controlada, foi possível subirmos o patamar de desenvolvimento do país. E um dos principais pilares da nossa estabilização monetária foi – e continua sendo – uma dívida pública administrável.
Dessa forma, na medida que a expectativa de perda desse controle começa a ser vislumbrada no horizonte do país, naturalmente, a consequência é a perda de credibilidade por parte de quem tem interesse em investir aqui.
Por isso o tema é de suma importância. Independente do viés político, se não houver equilíbrio fiscal, o Brasil terá inúmeras dificuldades de conseguir alçar um voo de desenvolvimento robusto e, principalmente, sustentável. Independentemente de quem estiver sentado na cadeira presidencial, sendo assim, superar esse assunto é fundamental para o nosso futuro.
Acreditamos que mesmo com o cenário bastante desafiador, estamos diante de um momento com ótimas oportunidades de alocação de recursos, com renda fixa em patamares bem elevados, e ativos de renda variável descontados. Respeitando seus objetivos e cumprindo o que foi combinado previamente no Asset de cada um, entendemos ser um bom momento para ir “às compras”.
Um ótimo novembro!