Em dezembro, a dinâmica do quarto trimestre persistiu, com juros em baixa e a
bolsa/ativos de risco em alta, resultando em mais um mês positivo para encerrar 2023. Neste período, inclusive, os Fundos Imobiliários, que tinham ficado para trás, registraram boa apreciação.
As taxas de juros nos Estados Unidos continuaram a cair, e o mercado já atribui 70% de
chance a uma redução das taxas logo em março de 2024, o que continuou impulsionando os mercados globais e favorecendo o Brasil. Assim, as bolsas mundiais tiveram um mês positivo.
O Brasil se beneficiou do recuo da curva de juros americana e da aprovação de medidas
no Congresso, incluindo a Reforma Tributária, após anos de discussão. Como resultado, a S&P Global Ratings elevou a nota de crédito do Brasil de “BB” para “BB+”. Além disso, a taxa básica de juros atingiu 11,75%, representando aproximadamente 0,93% ao mês.
A Bolsa Brasileira subiu 5,38% em dezembro. Destaca-se que os principais compradores
foram estrangeiros, que investiram mais de R$ 25 bilhões nos últimos meses do ano. A Renda Fixa também teve um bom dezembro, diante da queda dos juros de longo prazo que impacta positivamente os preços. A título de parâmetro, o título do governo atrelado à inflação, a título de referência, os títulos do governo atrelados à inflação, que atingiram 6,5% em março, retornaram à média histórica, situando-se em torno de IPCA + 5,35% ao ano nos vencimentos de 10 a 15 anos.
Esse rali de final do ano deixou evidente o valor da paciência no mundo dos
investimentos. O ano de 2023 foi desafiador até meados de outubro, com ativos de risco
novamente perdendo para o CDI, indicando que o risco maior não estava gerando retornos superiores. Contudo, fomos impactados positivamente pela repentina mudança de humor do mercado internacional, que adotou um tom otimista em meio à expectativa do final do ciclo de alta de juros nos Estados Unidos.
Surpreendentemente, nos últimos dois meses, os ativos de maior risco tiveram uma performance extremamente positiva, salvando o ano, que encerra de maneira muito melhor do que o esperado. Em apenas dois meses, a Bolsa Brasil subiu mais de 17%, e a expectativa para os juros futuros diminuiu de 11% para aproximadamente 9%.
No Brasil, encerramos o ano com uma taxa de juros de 11,75%, em comparação com os 13,75% no início do ano, e uma inflação mais comportada do que o esperado, devendo encerrar o ano com um índice próximo de 4,7%, alinhado ao teto da meta estabelecida para a inflação.
Nos Estados Unidos, o ano foi desafiador para os ativos de renda fixa, que sofreram com a marcação a mercado devido ao aumento das taxas de juros, que atingiram 5,50%. A parte de renda variável americana ainda teve uma boa performance, impulsionada pela alta dos papéis de tecnologia resultante da visão disruptiva da inteligência artificial.
Para 2024, não conseguimos prever como os mercados se comportarão, mas há um consenso entre os analistas de que as taxas de juros brasileiras deverão continuar caindo, com estimativas de encerramento do ciclo entre 8,5% a.a. e 9,5% a.a.
Nesse cenário, torna-se evidente que o CDI deixará de ter a atratividade que apresentou nos últimos dois anos, passando a fazer mais sentido uma diversificação maior entre subclasses dentro da renda fixa e, eventualmente, ativos com maior risco para clientes com perfil que tolere uma maior volatilidade.
Via de regra, um cenário de queda de juros tende a ser positivo para ativos de maior risco. No entanto, o ponto crucial que demanda uma maior cautela é a situação fiscal brasileira, onde o governo ainda não conseguiu mostrar como alcançará o déficit zero no próximo ano. Algum déficit é aceitável pelo mercado, contudo, não podemos ter um afrouxamento forte, o retorno a políticas fiscais duvidosas ou uma sinalização de falta de comprometimento, o que elevaria o risco país, prejudicando os ativos de maior risco. Ainda, diversas análises mostram ceticismo quanto à redução de despesas (ou aumento de receitas) em ano de eleições municipais e com uma economia mais enfraquecida.
Em resumo, um cenário mais construtivo com a queda de juros esperada tanto nos EUA quanto no Brasil, com cautela devido ao fiscal.
Agradecemos a confiança em 2023 e desejamos a todos um próspero 2024!
Equipe API CAPITAL de asset allocation.
Consultoria de investimentos CVM 20.609.