Mesmo em um cenário mais cauteloso, fevereiro mostrou-se um mês favorável para ativos conservadores e mais voláteis.
No Brasil, a projeção de inflação para o ano está abaixo de 4%. No entanto, a prévia da inflação de fevereiro veio em um patamar acima do previsto (0,78%), impactada por fatores sazonais e itens voláteis, destacando-se o aumento anual das mensalidades escolares e a eliminação gradual da deflação das tarifas aéreas. Além disso, possíveis gastos elevados do governo e o pagamento dos precatórios, que devem injetar recursos na atividade e podem pressionar a inflação. Como resultado, alguns players do mercado já estão um pouco mais cautelosos em relação ao otimismo previsto na trajetória de queda dos juros. Será necessário monitorar os próximos meses.
Atualmente, a taxa SELIC está em 11,25%, e o mercado ainda projeta uma taxa de juros na faixa de 9% a 9,5% para o final do ano.
No âmbito econômico, os dados preliminares de atividade, medidos pelo IBC-Br (Bacen), apresentaram um dezembro mais forte do que o esperado, crescendo 0,82% em relação a novembro, impulsionado principalmente pelos setores de serviço e varejo.
Ao mesmo tempo, com a arrecadação atingindo o pico em janeiro (R$ 280 bilhões), em parte devido a receitas não usuais, há um alívio temporário para a equipe econômica. Isso adia as discussões sobre possíveis mudanças na regra fiscal para maio de 2024. Durante esse intervalo, Haddad sinalizou que estará focado em aprovar mais medidas arrecadatórias e realizar uma revisão minuciosa das despesas, especialmente dos benefícios fiscais e tributários concedidos.
Em termos de retornos, os ativos de Crédito Privado tiveram um desempenho positivo, atribuído à mudança na regra dos ativos isentos (último item da carta), o que impactou positivamente o rendimento das carteiras conservadoras. Na parte de renda variável, a Bolsa Brasil registrou uma leve alta de 0,99%, compensando parcialmente a queda de janeiro, embora ainda acumule uma queda de 3,85% no ano.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, o mês teve um início robusto com um relatório de emprego sólido e uma inflação tanto do consumidor quanto do produtor acima das projeções, adiando praticamente todas as expectativas de um corte nas taxas de juros americanas de março para junho. Esses dados acima do esperado foram destacados na Ata da reunião de política monetária do Fomc, onde os membros do comitê indicaram que ainda veem riscos inflacionários diante de uma atividade econômica e um mercado de trabalho resilientes. Além disso, o mercado foi impulsionado por uma forte expansão do apetite por risco no final do mês, após a Nvidia (NASDAQ: NVDA) apresentar resultados melhores do que o esperado. Esse otimismo se refletiu em ganhos superiores a 2,0% nos índices das bolsas americanas ao longo do mês de fevereiro.
Nesse contexto, o fortalecimento do dólar frente a outras moedas devido ao desempenho positivo nos Estados Unidos pode reduzir o impulso para a valorização do Real, exigindo uma atenção redobrada do Banco Central do Brasil para manter um diferencial de juros ainda atrativo e evitar influenciar as expectativas de inflação.
A bolsa Americana, medida pelo S&P 500 se apreciou 5,80% em fevereiro.
A nova resolução do CMN promoveu ajustes nos lastros para emissões de CRIs e CRAs, bem como ajustes nos lastros e nos prazos de LCAs, LCIs e LIGs. É claramente uma medida do governo para aumentar a arrecadação e restringir a emissão por empresas de setores não diretamente ligados ao Imobiliário ou Agro.
Para as LCI e LCAs, os bancos não poderão mais usar o funding em duplicidade como estavam fazendo e terão que respeitar uma carência mínima de 270 e 360 dias para resgate dos papéis. Ou seja, a tão vantajosa LCA/LCI com liquidez diária após 90 dias não será mais permitida.
No caso dos CRIs/CRAs, o objetivo é barrar emissões de empresas abertas em que sua atividade não represente mais de dois terços do faturamento do respectivo setor.
Em fevereiro, o impacto dessa medida foi uma elevada demanda por ativos isentos no mercado secundário de Renda Fixa, o que ocasionou a valorização dos papéis e a redução das taxas praticadas (fechamento dos spreads de crédito). Isso contribuiu para um retorno mais positivo na classe de renda fixa no mês.
Para frente, seguimos acompanhando os mercados e reconhecendo que uma boa alocação de ativos é a melhor opção para geração de retornos aos nossos clientes.
Desejamos a todos um ótimo março!