Vamos iniciar relembrando o cenário de outubro, mês em que os juros de
longo prazo de 10 anos nos EUA ultrapassaram os 5% ao ano, assustando e
penalizando todos os ativos de risco ao redor do mundo. Em resumo, o mercado
naquele mês estava pessimista, com os juros longos em alta e as bolsas registrando
quedas expressivas.
Um mês depois, novembro apresentou uma dinâmica oposta. O mercado
americano testemunhou uma queda de aproximadamente 50 pontos base nos
rendimentos dos Treasuries de 10 anos, saindo do patamar de 4,90% para a faixa
de 4,40%. Com isso, outubro se revelou um mês positivo para todas as classes de
risco, com as bolsas globais apresentando ganhos e os títulos de renda fixa
experimentando uma das maiores apreciações mensais em 40 anos.
O que mais impressiona é a rapidez dessa mudança de humor. Quais foram
os principais catalisadores para essa melhoria no cenário econômico global?
● A percepção de que a economia americana, que vinha crescendo a um ritmomuito forte, está perdendo fôlego;
● A desaceleração da inflação, especialmente na área de serviços.
Se os dados do quarto trimestre confirmarem essa leitura, há grandes chances
de que os juros nos EUA não precisem mais subir e que o ciclo de aperto monetário
(alta de juros) tenha, finalmente, chegado ao fim. Essa virada, com os juros em
queda, geralmente abre espaço para um ambiente mais propício a investimentos
pró ativos de risco, como ações e mercados emergentes, beneficiando, por exemplo,
o mercado brasileiro.
No Brasil, também beneficiado pelo recuo da curva de juros americana,
testemunhamos uma onda de apetite ao risco global que trouxe os investidores
estrangeiros de volta para a B3, atingindo um nível de fluxo mensal que não se via
desde março de 2022.
Além disso, a inflação permanece abaixo das expectativas, e a perspectiva é
de continuidade no ciclo de corte de juros, com alguns participantes do mercado
acreditando na possibilidade de uma aceleração dessa queda para o próximo ano.
Consequentemente, os juros futuros de prazos mais longos recuaram mais de 100
pontos-base no mês, beneficiando ativos de renda fixa de longo prazo, com o efeito
da marcação a mercado.
No mercado de renda variável, o Ibovespa registrou uma alta expressiva de
12,5%, representando o melhor desempenho mensal desde novembro de 2020. A
classe dos Fundos Imobiliários foi a única que teve performance abaixo do CDI,
mas por ser sensíveis a juros (investidor compara aluguel dos fundos com CDI) ,
temos uma boa visão para a classe.
É crucial destacar que o ambiente de juros em queda é favorável para as
empresas, proporcionando ganhos de margem com uma pressão menor nos custos,
redução das despesas financeiras, crescimento, entre outros aspectos.
Em outubro, percebíamos uma atmosfera pessimista nos mercados globais e
brasileiros, marcada por três meses consecutivos de quedas para a Renda Variável.
Naquela ocasião (carta mensal de 10/23), abordamos os ciclos de mercado para
relembrar que, em um instante, podemos transitar para um cenário otimista.
Curiosamente, em novembro, presenciamos essa mudança de humor no mercado.
Será que fomos bons em prever? Não, foi pura sorte.
Quem imaginaria em outubro que novembro se revelaria tão positivo? Não
podemos antecipar o futuro, mas sabemos que precisamos cumprir nosso dever de
casa, escolhendo bons ativos e mantendo uma diversificação sólida de portfólio.
Howard Marks, renomado gestor americano, argumenta que é impossível prever o
amanhã, aconselhando desconfiança em relação àqueles que têm “certeza” do que
acontecerá.
Nossa filosofia de investimentos se baseia em manter a estratégia traçada,
reconhecendo a dificuldade de prever o momento exato para alocar em X ou Y, ao
mesmo que reconhecemos as assimetrias de cada classe. Em relação à Renda
Variável, estudos indicam que perder os principais dias de alta das Bolsas pode
impactar consideravelmente o retorno da carteira. O que isso evidencia? A
importância de permanecer fiel à estratégia nos momentos difíceis, pois não sabemos se a virada ocorrerá em 15 dias ou 400 dias, mas com bons ativos, ela possivelmente
ocorrerá.
De maneira geral, a visão atual é muito mais construtiva para os investimentos
do que nos últimos meses. A cautela persiste diante da concretização das
expectativas em relação aos juros americanos e das preocupações fiscais brasileiras
para 2024.
Desejamos a todos um excelente dezembro e final de ano!
Equipe API CAPITAL de asset allocation.
Consultoria de investimentos CVM 20.609.