Carta mensal - Outubro de 2023

Resumo da carta

  • Tensão mundial: Aumento na volatilidade do mercado influenciado pelo
    conflito Israel-Hamas, que elevou inicialmente os preços do petróleo com
    potencial para atingir U$115; e pelas taxas de juros em alta nos EUA, com o
    T-Note 10Y, a “mãe de todas as taxas de juros,” atingindo 5%, reconfigurando
    o custo global do dinheiro e pressionando preços de ativos.
  • Brasil: juros longo subindo: Queda de -0,77% no IBC-Br de agosto sinaliza
    risco de recessão técnica, enquanto inflação medida pelo IPCA se mantém
    estável. Incertezas fiscais e taxas de juros elevadas nos EUA complicam
    cenário para corte na taxa Selic. Taxa terminal de juros futuros no Brasil sobe
    de 9% para 11%, afetando negativamente renda fixa e derrubando o mercado
    de ações em -2,94% e fundos imobiliários em -1,97%, com destaque para
    queda de -7,40% no índice SMLL;
  • Lembre-se dos Ciclos de Mercado: Momento de cautela aponta para
    possível fim do ciclo de alta de juros nos EUA. Timing é incerto, mas virada
    pode mudar mercado de pessimista para otimista.

Tensão mundial

Outubro foi marcado por uma enorme volatilidade trazida do exterior. Um
desses fatores foi o conflito entre Israel e o Hamas, que inicialmente gerou pressão
de alta nos preços do petróleo, uma vez que a região é uma importante produtora de
petróleo. No decorrer do mês, o preço reduziu, com o mercado esperando que esse
conflito permaneça localizado, sem envolvimento de outros países. O envolvimento de novos atores poderia causar danos econômicos mais significativos, algumas
projeções apontam para o preço do barril de petróleo alcançando valores acima de
U$115,00 – um incremento de 30% em relação aos níveis atuais.

Além disso, a contínua elevação das taxas de juros nos Estados Unidos,
impulsionada pela robustez da economia norte-americana, também contribuiu para
a volatilidade dos mercados. A taxa de rendimento dos títulos do tesouro de 10 anos
dos EUA (T-Note 10Y) atingiu cerca de 5%, o nível mais alto desde 2007, o ano
da crise do subprime nos Estados Unidos.

Efeitos práticos: Os juros pagos aos investidores que adquirem Títulos Públicos Americanos
desempenham um papel crucial na determinação dos custos do dinheiro em todo o
mundo. A taxa de 10 anos é considerada a mãe de todas as taxas de juros. Esses
títulos são considerados como um refúgio seguro para investimentos. Atualmente,
essas taxas de juros estão em alta, indicando que o acesso ao dinheiro está mais caro
devido à implementação de uma política monetária restritiva, que visa conter a
inflação.

Quando as taxas de juros nos Estados Unidos aumentam, os investidores de
todo o mundo passam a exigir um prêmio ou retorno maior para investir em ativos
com níveis mais elevados de risco, seja nos EUA ou em outros países. Como
resultado, os preços desses ativos sofrem uma queda devido à marcação a mercado.

O mês de outubro deixou esse fenômeno particularmente evidente, com o
índice S&P 500 da Bolsa Americana sofrendo uma queda de -1,22% e o índice
MSCI, que engloba bolsas de valores globais, registrando uma redução de -2,00%. Esse cenário ilustra como as mudanças nas taxas de juros nos EUA podem ter um
impacto significativo nos mercados financeiros em todo o mundo.

Brasil: Juros longo subindo

No Brasil, tivemos a divulgação do IBC-Br de agosto, que é considerado uma
prévia do desempenho do PIB. O índice apresentou uma queda de -0,77%, ficando
abaixo das expectativas. Essa situação levou alguns economistas a projetar a
possibilidade de entrarmos em uma recessão técnica, o que ocorre quando o
crescimento econômico é negativo por dois trimestres consecutivos.

A inflação, medida pelo IPCA, permanece em níveis saudáveis, o que pode
indicar espaço para reduzir as taxas de juros no Brasil.

Mas há fatores que geram incertezas, como a situação fiscal, uma vez que o
governo já admitiu a impossibilidade de atingir o déficit zero no próximo ano. Além
disso, as taxas de juros nos Estados Unidos devem permanecer elevadas por mais
algum tempo. Isso torna necessário adotar uma abordagem cautelosa na redução da
taxa Selic, a fim de evitar uma fuga de capital e pressões no câmbio e na inflação.

Como resultado dessas considerações, no mês de outubro, as expectativas em
relação às taxas de juros futuras no Brasil registraram um aumento significativo. A
taxa terminal, que se refere ao longo prazo, subiu de 9% para mais de 11% ao ano.

Essa mudança impactou negativamente os títulos de renda fixa de prazo mais longo,
bem como provocou uma queda de -2,94% no mercado de ações brasileiro e uma
redução de -1,97% nos fundos imobiliários. Como destaque negativo cabe citar
também o SMLL (Índice de ações de empresas de menor porte) que caiu –7,40%.

Lembre-se dos ciclos de mercado

Olhando o cenário, nitidamente requer mais cautela. Nesse momento, é
importante lembrarmos dos Ciclos econômicos dos mercados, que taxas de juros não
sobem ou caem permanentemente.

Durante a pandemia, os bancos centrais em todo o mundo diminuíram as taxas
de juros para evitar que as economias desacelerassem muito. Posteriormente, eles as
aumentaram para conter a inflação causada pelo excesso de dinheiro nos mercados.Agora, em vários países, os preços estão começando a se estabilizar e alguns
estão reduzindo as taxas de juros novamente para evitar desacelerações econômicas. 

No Brasil e em outros países emergentes, isso já está acontecendo. Nos EUA ainda
não, apesar de já ter alguns sinais favoráveis como a inflação mais controlada.
Então, por chegarmos próximo do final da alta de juros, qual é o passo
provável do Banco Central dos Estados Unidos para a frente? Pode começar a cortar
as taxas de juros. Quando isso vai acontecer e qual será o ritmo, é impossível
prever. Dependerá de como a economia se comporta, incluindo a inflação, o
crescimento e o desemprego.

Sabemos que essa virada de ciclo deve afetar seus investimentos
positivamente, mas ninguém tem uma bola de cristal para prever o momento exato
ou a velocidade desse movimento. Aqueles que esperarem demais correm o risco de
perder oportunidades, enquanto os que agirem muito cedo podem perder dinheiro
antes que o movimento aconteça.

Possivelmente quando chegarmos nessa virada de ciclo nos EUA, o mercado
muda do tom mais pessimista para o otimista.
Talvez agora o tempo esteja mais nebuloso. Mas, lembre-se dos ciclos de
mercado. Nada é permanente. 

Um ótimo novembro a todos!

Equipe API CAPITAL de asset allocation.
Consultoria de investimentos CVM 20.609.